Interessante a entrevista concedida pela ministra Carmem Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal – STF, no programa Roda Viva, da TV Brasil, na noite desta segunda-feira (18). Equilibrada, desprovida de vanglória, muito comum no meio, não deixou sem respostas as perguntas da bancada de jornalistas, em que pese, os mais diferentes assuntos polêmicos que envolvem o STF.
Chamou a atenção, em especial dois temas: o primeiro, quando alegou desconforto para defender um aumento para a Magistratura, muito acima da inflação. Para ela, apesar de justo, não é o momento. “Os juízes brasileiros são muito competentes e precisam ser bem remunerados para trabalhar com tranquilidade, mas tem certeza que nenhum juiz quer que seu salário seja pago por milhões de desempregados.
O segundo, ser contrária a dois meses de férias por ano para magistrados e outras classes privilegiadas, embora, entendendo que - em muitos dos casos, são períodos que servem para atualização de processos. Acha que nos dias de hoje, esse privilégio gera insatisfação e a sociedade reclama.
Segura e defensora da ampla liberdade de imprensa, a ministra Carmem Lúcia, que um dia pensou em ser jornalista, falou da morosidade do Poder Judiciário, e lembrou várias providências adotadas pela Justiça para aumentar a celeridade, citando a súmula vinculante, os enunciados e as decisões de repercussão geral. Na sua opinião, essas medidas, apesar de importantes, não solucionam os problemas do Judiciário, em virtude da demanda que é muito grande.
Para a ministra, o caminho deve ser a desjudicialização para se fazer com que as situações possam ser resolvidas antes de chegar ao Judiciário. Enfatizou que essa é uma prática que vem sendo adotada em sua gestão e acredita que poderá ser uma saída, no conjunto de ações que devem ser observadas.
Carmem Lúcia defendeu o conjunto medidas contra a corrupção propostas pelo Ministério Público Federal. Acredita que existem valores constitucionais que precisam ser aperfeiçoados. Ela entende também que as medidas para melhorar as garantias de honestidade são positivas para se ter um Estado ético, mas é preciso que a sociedade seja ética e não pode ficar reclamando, quando observamos atitudes de uma pessoa que fura uma fila, ou ocupa a vaga de um idoso. Precisamos também de uma transformação na sociedade.