Por volta de 2000, quando encarregado do envio de notícias da Paraíba para o Jornal do Commercio do Recife – tarefa de que dei conta por seis longos anos – busquei os arquivos d’A União para a leitura de alguns dos antológicos editoriais do jornalista Osias Gomes (depois desembargador) sobre os anos conturbados de 1930.
Era época em que A União, o mais importante e influente órgão da imprensa paraibana, disputava posições regionais com o jornal recifense capitaneado por F. Pessoa de Queiroz.
O parentesco, que o nome sugere, não impedia o cacete diário do Jornal do Commercio num presidente João Pessoa que então era defendido com unhas e dentes nos editoriais e nas demais páginas d’A União, porta-voz da luta contra a candidatura do paulista Júlio Prestes à Presidência da República. De sobra, A União ainda atiçava a campanha contra Zé Pereira e suas tropas, na guerra particular de Princesa.
Quaisquer que fossem as simpatias por uma ou outra corrente política envolvida nos conflitos de 1930 era impossível não admirar o talento, o preparo, a capacidade argumentativa e a erudição de um Osias encarregado da retaliação aos propósitos do Partido Republicano contra os quais também se erguiam Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Isso tudo me vem à mente ao contemplar mais uma edição do jornal oficial que, aliás, chegou, no início de fevereiro passado, aos 125 anos de existência, sempre às custas do Erário.
E é importante observar que, assim, também, não se tornaram menos custosos ao distinto contribuinte (até mais, talvez) os outros jornais paraibanos, três deles mortos e sepultados quando minguaram os anúncios “chapa branca”.
Permito-me, então, o palpite: depois da falência, no último domingo, do Jornal da Paraíba, ninguém se surpreenda se, dentro de pouco tempo, apenas a centenária A União prosseguir, por aqui, pelas mesmas razões, em seu caminho de papel e tinta.